Sempre que meus pais me visitavam a minha mãe me pedia: “Coloca a música
daquela Senhora para eu ouvir filha”, ao que eu prontamente atendia. Aquela
Senhora a quem minha mãe se referia era Cesária Évora. O meu primeiro contato
com a cantora de Cabo Verde foi em Paris quando fui a um show de Mirian Makeba
e no dia seguinte fui à casa de discos comprar Cds. Chegando ao estabelecimento escolhi alguns
que incluía um da Mirian e em meio deles peguei um de Cesária Évora, Pessoas, foi
a melhor aquisição que fiz entre todos aqueles outros que escolhi, não
desmerecendo os outros, mas Cesária tem algo de especial, na sua forma de
interpretar, ela é “Soul”, ela é música, ela é força e ritmo. Falo dela no presente
porque ela foi imortalizada com a sua obra, com o seu dom que encantava todos
que tiveram a oportunidade de ouvi-la. Aqui no Brasil as rádios não tocam, não
divulgam tais talentos e a coisa fica mais feia quando se mora em Salvador na
Bahia, onde a referência “axezeira” não deixa que tenhamos acesso a outros
ritmos e conheçamos os talentos que estão espalhados por “esse mundo de meu
Deus”. Por gostar de boa música tive a oportunidade de ouvir uma entrevista de
Caetano Veloso falando de como conheceu essa cantora de Cabo Verde, fui
procurar mais informações sobre ela e a partir desse momento nunca mais deixei
de acompanha-la. Através da internet assisto os shows de Cesária, ouço também
as rádios de Cabo Verde o que me faz em contato mais direto com a “morna” e a
“coladeira”, que são os ritmos musicais do lugar.
Em sua biografia registrada no Wikipedia, consta que o presidente
frânces, Nicolas Sarkozy, em 2009, entregou para ela através da ministra da
Cultura Francesa Christine Albane, a medalha de Honra ao Mérito. Parabéns para
Cesária! Ouçam o Cd “Cesária” da artista e verão e ouvirão que ela faz jus ao
título que recebeu da França, e porque a podemos considerar um presente para
nossos ouvidos e nossas almas, um presente dado por Deus chamado Cesária. Fica
ainda registrado e digno de nota a sua simplicidade, seu jeito tímido que a
fazia quase não falar nas entrevistas e aquele olhar marcante fito em um ponto
que só ela enxergava. Nesse exato momento em que escrevo estou a ouvir a rádio
Comercial de Cabo Verde, e ela canta mais uma morna para minha alegria permeada
por um quê de tristeza pelo fato da “Diva dos pés descalços” ter falecido no
dia 17 de Dezembro de 2011, com 70 anos, acometida de "insuficiência
cardiorrespiratória aguda e tensão cardíaca elevada" segundo os boletins
médico.
Por Tania Reis
Imagem capturada do Google em 28/05/2017 as 11h50
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